Então estávamos lá eu e minha mãe, olhando o fogo se consumar e nossa terra virar cinzas... Ainda não podia acreditar que minha irmã e meu pai estavam lá, olhava fixamente para o fogo, parecia hipnotizado, porque eu lembrava do que tinha acontecido. Minha mãe estava calada, seus olhos brilhavam com o reflexo do fogo, eu fui até ela e perguntei:
Ahadi: Mamãe, aonde nós vamos agora?
Mãe de Ahadi: Eu não sei filho...
Decidimos caminhar um pouco, para nos afastar daquele imenso pesadelo, fomos para outras terras e a paisagem começava a mudar, a destruição que fogo fez não estava mais visível e as pastagens douradas voltaram a minha visão, dei um pequeno sorriso e comecei a pular naquelas relvas a procura de borboletas, mamãe sorriu pela primeira vez desde aquela tragédia, ela sabia que tinha que deixar o passado para trás, então nós nos divertimos a tarde toda. Quando chegou a noite nós já estávamos bem longe de casa, e olhamos para as estrelas imaginado minha irmã e meu pai lá em cima:
Ahadi: Mãe, maninha e papai estão lá em cima né? Disse apontando com a pata para o céu.
Mãe de Ahadi: Sim filho, eles sempre estarão lá por nós, sabe de uma coisa? Eu acho que eles estão brincando de se esconder nas nuvens!
Ahadi: Não... Eles estão brincando de pega-pega. E sabe de uma coisa? Nós um dia estaremos lá também um dia, principalmente você mãe...
Mãe de Ahadi: Eu te amo filho, é por isso que estarei lá em cima um dia, para te amar para sempre.
Então ela me abraçou e me fez cócegas, estávamos muito felizes...
Foi então que caminhamos durante meses, sozinhos procurando um lugar para ficar, até que achamos um bando, de início é claro que minha mãe me protegeu, ela sabia o que os líderes de grupos faziam com filhotes forasteiros, porém o líder chegou me olhando de cima a baixo, ele tinha juba ruiva e pelos amarelos, parecia irritado...
Mas por algum motivo resolveu me aceitar, acho que foi pelo fato de ele querer mais machos para proteger o território, de primeira impressão ele pareceu piedoso, coisa que que me arrependo de ter pensado...
Mamãe não via, mas eu sofri muito nas patas daquele leão, ele me fez treinar como nunca tinha feito em minha vida, voltava sempre arranhado ou mancando para o colo da minha mãe, dava a desculpa de que eu brincava e me machucava, se falasse o contrário eu morria. Foi lá que aprendi a ser um leão duro e que não chora, eu amadureci com o tempo e fui crescendo até virar um forte adolescente.
Foi aí que minha mãe descobriu que treinei até ficar dessa idade e qual era o motivo de tantos arranhões e roxos no meu corpo, como ela fez isso? Ela ouviu minha conversa com o líder do bando, que dizia que eu deveria treinar mais... Atacou ele sem pensar, o resultado não foi nada feliz, não podia acreditar que ela morreu, eu fiquei desesperado, deitei sobre ela e chorei, a raiva daquele leão culminava em mim, porém eu sabia que tinha que ser esperto, e esperar o momento certo.
Então aconteceu, eu era o único macho além do líder capaz de lutar no bando, quando forasteiros chegaram para nos atacar o líder lutava bravamente, ele estava perdendo a luta para os outros, olhava para mim na esperança de que eu fizesse algo, mas eu dei as costas e corri, já havia alertado as mães e os filhotes, que foram embora um pouco antes de mim.
Assim eu vinguei minha mãe, e libertei muitos filhotes do mesmo destino, foi aí que conheci você, quando eu estava andando por ai... Era uma peste total, nunca vi carrapato pior! (risos) Mas eu fiquei adulto, e descobri que amizades não se criam por querer, e que elas nos ensinam a amar...
-------------------------------------Fim de Flashback----------------------------------------------
Ahadi: Bem isso tudo é o que eu tenho pra contar, "só" isso né? (risos).
Uru: Pouca coisa! (risos) Que bom que eu conheci esse cara sério e duro de coração, né?
Ahadi: Vou te contar, se não tivesse te conhecido minha vida seria infeliz...
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Aí mais um capítulo nesse maravilhoso início de semana! A 1ª imagem é do EyesInTheDark666, a 2ª da MareMoewe, e a 3ª é do coolrat. Té mais povo!
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